Este é o livro da polémica em Angola, que pôs o regime a tremer. Dezassete activistas que
o liam e discutiam foram presos, em Luanda, e acusados de conspirar contra o
regime e preparar um atentado contra o Presidente de Angola.
Porém, não seria este livro que os levaria a actuar dessa forma.
Muito pelo contrário! Basta ler o livro e verificar que o medo dos cabos do
regime era, precisamente, a não violência que enuncia. Queriam eles que se
propalasse nas suas linhas uma violência sanguinária: era a forma de terem a
certeza de que, nesse caso, sairiam vencedores antecipados, porque estão
armados até aos dentes.
Os ditadores, as ditaduras e os seus cabos, sempre foram
assim: cobardes, com medo até da própria sombra.
"Diamantes de Sangue - Corrupção e Tortura em Angola"
autor: Rafael Marques
Edições Tinta da China
240 páginas
6ª edição, Fevereiro de 2013
ISBN 978-989-671-085-9
Rafael Marques de Morais (Luanda,
31 de Agosto de 1971) é jornalista de investigação e activista dos direitos
humanos.
Tornou-se conhecido internacionalmente
por este livro/relatório, nascido da “necessidade de dar corpo consistente a um
trabalho de investigação sobre a indústria angolana dos diamantes, que decorreu
entre 2009 e 2011.”
“O trabalho de campo consistiu em
quatro visitas a diversas zonas de garimpo nos municípios do Cuango (principal
região de garimpo em Angola) e de Xá-Muteba, durante as quais” foram realizadas
centenas de entrevistas e onde o autor tomou “contacto com a realidade local e
as condições de vida e de trabalho aí prevalecentes.”
Rafael Marques refere que “as
populações desta região encontram-se sujeitas a um regime de corrupção e
violência, de arbitrariedade e impunidade, o qual não deixa dúvidas quanto à
adequação do conceito «diamantes de sangue». Quando se negoceia com a indústria
diamantífera angolana, negoceiam-se, de facto. Diamantes de sangue”.
“Efectivamente, e apesar de toda
a legislação e de todo o discurso oficial em contrário, na prática, as comunidades
locais são torturadas e assassinadas, e não dispõem do mais ínfimo acesso a mecanismos
legais de justiça. Para além disso, têm sido sistemática e intencionalmente
impedidas de desenvolver actividades de sustento que não o garimpo. As terras
são-lhes expropriadas, as colheitas destruídas, as únicas vias rodoviárias
circuláveis (do Cuango a Cafunfo e à comuna do Luremo) foram privatizadas e o
seu acesso é interdito às populações. Para sobreviver, ficam portanto
inteiramente dependentes da actividade do garimpo, e como tal absolutamente
vulneráveis aos abusos de poder por parte das forças armadas e de segurança
privada, que agem com a total conivência quer das empresas diamantíferas quer
das autoridades locais e do governo angolano”. 1
Rafael Marques foi, por duas
vezes, processado judicialmente em resultado da sua actividade jornalística.
A primeira acção foi-lhe movida em 2000, por
José Eduardo dos Santos, após a publicação do artigo “O baton
da ditadura”, onde Rafael Marques responsabiliza o presidente da república
de Angola pelo "descalabro das instituições do Estado", acusando-o de
promover a incompetência, o peculato e a corrupção "como valores sociais e
políticos." Por essas acusações, foi condenado a seis meses de prisão. Na
cadeia, por ter sido impedido pelas autoridades de se encontrar com a sua
advogada e com a sua família, o jornalista recusou alimentar-se durante vários
dias em protesto. Foi colocado em liberdade sob fiança, mas a polícia impediu-o
de sair do país e de falar com outros jornalistas.
Anos depois, foi processado pela
segunda vez, desta feita em Portugal, por difamação, em acção conjunta movida
pela Sociedade Mineira do Cuango Lda. (empresa que explora diamantes na bacia
do rio Cuango, na Lunda Norte) e pela Teleservice (empresa de segurança
privada). Em causa as denúncias contidas neste livro. O processo foi arquivado
em 2013, por falta de provas.
Rafael Marques é autor de um
website anticorrupção, o Maka Angola.
"Portugal tornou-se uma lavandaria para o produto de saque em Angola e grande parte dos investimentos que aqui são feitos não têm retorno em Angola. Não se vê, por exemplo, quais são os benefícios em Angola, dos investimentos feitos pela Sonangol aqui em Portugal e por outro lado também, o que é mais grave, não se pergunta qual é a origem desses investimentos. Eu, no ano passado, denunciei, aqui em Portugal, um caso em que um tenente-coronel da Presidência, afecto à Guarda Presidencial, pagou 375 milhões de dólares ao Banco Espírito Santo para a compra de 25% das acções da sucursal do banco em Angola. Eu continuo a dizer que isto é uma questão de lavagem de dinheiro porque, onde é que este tenente-coronel encontrou tanto dinheiro?"
Nos anos 90, os pequenos povoados do Oeste africano, Angola e Serra Leoa, transformaram-se em lugares de tortura, morte e guerras civis. O ponto que detonou tal incidente foi o tráfico ilícito de pedras preciosas, que adornam milhões de pessoas ao redor do mundo. A troca destes tesouros por armas gerou uma das guerras mais sangrentas na história da humanidade, uma situação onde os direitos humanos foram completamente tolhidos, e por esta razão estas preciosidades tornaram-se conhecidas como "Diamantes de Sangue".
produtora: The Bedford Falls Virtual Studios Initial Entert. Group
distribuição: Warner Bros.
lançamento: EUA 8 de Dezembro de 2006
Os "diamantes de sangue" são extraídos em zonas africanas de guerra e vendidos para financiamento de conflitos gerando, assim, fortunas para os senhores da guerra e empresas de diamantes em todo o mundo.
O ambiente é a Guerra Civil da Serra Leoa, entre 1996 e 2001. É o retrato de um país dilacerado pela luta entre partidários do governo e forças rebeldes.
Foca também muitas das atrocidades dessa guerra, incluindo amputação pelos rebeldes, de mãos de populares para desencorajá-los a votar nas eleições seguintes.
O final do filme apresenta a conferência histórica que ocorreu em Kimberley, na África do Sul, no ano 2000, que levou ao desenvolvimento do Esquema de Certificação do Processo de Kimberley (SCPK ou simplesmente PK), um sistema internacional de certificação de origem dos diamantes brutos, que visa evitar que o contrabando de diamantes possa financiar conflitos armados.
Falar da Palanca-negra leva-nos, sem delongas, ao ex-líbris de Angola, ao símbolo pintado na cauda dos aviões da TAAG e à mascote da seleção de futebol. Trata-se da Palanca-negra-gigante, o amor maior de Angola, a Palanca-real.
Esteve perto da extinção mas os tempos de perigo começam a desvanecer-se.
A sua primeira participação ocorreu numa exposição colectiva da Galeria do Convento de S. José, em Lagoa, Algarve, em 1998, sendo um dos seus trabalhos ( O Soba) seleccionado para exposição permanente nesta galeria de arte.
Desde essa altura, isoladamente ou com outros artistas, já expôs em Alhos Vedros, Póvoa de Lanhoso, Setúbal, Barreiro, Moita, Baixa da Banheira, Sardoal, Coruche, Albergaria-a-Velha e Vouzela.
Em 2003, no Sardoal, através de convite da Câmara Municipal, realizou a sua primeira exposição individual.
A originalidade dos trabalhos reside na combinação entre duas técnicas: a tradicional, com óleos e acrílicos, aliada a uma forma ancestral da arte africana, a madeira pirogravada (pirogravação).
I Volume dos poemas publicados na antiga página Poíesis, que inclui os seguintes autores:
admário costa lindo
Aileda
Ana Tapadas
André L. Soares
Anna Mathaya
A. S. Jardim
Os poemas constantes das colectâneas que constituem aColecção Poíesis foram publicados na rede de blogs AngolaHaria, na página com o mesmo nome da colecção, entre 16 de Fevereiro de 2006 e 30 de Dezembro de 2009.
Grande parte dos poemas publicados nasceram no fórum SanzalAngola para onde foi deslizando o que ia na alma dos angolanos da diáspora.
Quando nasceu a rede AngolaHariamuitos desses poemas, de amigos meus, foram ali publicados.
Outros são meus e outros, ainda, podem encontrar-se no Maravilhoso Mundo Novo da poesia electrónica.
Com a publicação da páginaPoíesis em PDF não morre a poesia noAngolaHaria. Continuarão a surgir novos poemas na LiterHaria e, quem sabe, nova colectânea dentro de alguns anos.
A actual rede de blogs Angola Harianasceu de um simples jornalzinho impresso, como necessidade imposta pelos meus leitores.
As edições eram enviadas por correio electrónico para quem o solicitasse, via SanzalAngola. Os leitores, nessa altura, imprimiam-nas e conheço amigos que ainda guardam as publicações originais.
Os artigos então publicados foram integralmente transcritos para os blogs Angola Haria.
Com o surgimento, na rede, da página de Arquivo Histórico eBiblos, a edição em PDF desse jornal pioneiro era inquestionável.
Aqui está para quem assim o entender o arquivar para memória futura.
Kandengue Alexandrense de Luís Cardoso é a primeira tentativa, inacabada (até agora!), de criação de uma BD dos Alexandrenses, os de Porto Alexandre, actual Tombwa.
“…muito apreciaríamos que as partes interessadas na luta contra a fome em África visitassem Medina El Faiyum, no Egipto, e Hama, na Síria, para que pudessem testemunhar como simples tecnologias tradicionais são capazes de transformar terras áridas em florestas. Isto seria o começo do fim da fome em África.”
Basta de mangonha social, para utilizar um termo genuinamente angolano.
A utilização das minas terrestres começou com as guerras de libertação, na segunda metade do séc. XX e continuou pelo presente século adentro.
Foram os jovens quem mais sofreu com as minas em Angola:
“Segundo as estatísticas 77% das vítimas de acidentes com minas têm entre 15 e 44 anos e 68% são do sexo masculino.”
Sofrem ainda. Sofrerão para sempre.
Aqui estão publicados documentos importantes para a constituição de um caderno de estudo sobre a tragédia da utilização das minas terrestres e os problemas subsequentes ao fim da guerra. Para que passemos testemunho às gerações mais novas sobre os malefícios desta pequena-grande arma, a acrescentar ao genocídio, maior ou menor, que é uma guerra, qualquer que seja.
Crónicas dos Maboqueiros é um Diário de Viagem a Angola onde a autora, Júlia Jaleco, natural da Chibia, nos faz um relato do retorno às suas raízes com palavras límpidas, por vezes emocionadas, por vezes lúdicas, com saudade mas sem saudosismos balofos e sempre - e acima de tudo - críticas. Porque a crítica sincera daquilo que é nosso é a melhor forma de nos conhecermos.
Em determinada altura das Crónicas a autora refere o pedido que lhe fiz de fotos das crianças. O motivo do meu pedido tem uma razão simples: queria ver o rosto e, principalmente, o olhar das crianças porque é analisando esses testemunhos indesmentíveis que podemos saber da alma de um povo.
O que vi (e que vocês também poderão ver) deixou-me feliz: a esperança no futuro é enorme.
Vi também a alegria com que interiorizam a necessidade de aprender e o gosto com que o fazem. Num país onde as crianças são obrigados a transportar de casa para o local das aulas (nem sempre salas) o seu banco, é uma lição para quem tudo tem e, mesmo assim, apresenta um índice de aproveitamento escolar miserável. Aquelas crianças das zonas rurais de Angola não têm carteiras, quanto mais aquecimento para os dias mais frios. E não pensem que em Angola não há frio, há sim e rigoroso por vezes.